Te convidamos para somar no encontro de caciques das Retomadas Territoriais Mbyá Guarani do RS, no próximo Ayvu’ Porã: Fórum das Retomadas. O evento será na segunda-feira, 14 de abril, na Aldeia Nhe’engatu, em Viamão (RS). Vem potencializar as retomadas e os territórios de vida ✊🏽🏹
Protagonizado pelo povo Mbyá Guarani, o momento contará com escutatório de suas demandas territoriais, por direitos e dignidade. Também é um encontro para o fortalecimento mútuo das retomadas e aldeias, da espiritualidade e da multidiversidade de seres, formas de ser e viver – o que passa pela defesa desses territórios de vida.
Aberto ao público, o terceiro encontro do Ayvu’ Porã traz ainda tom de convocatória, com um chamamento aos juruá (não indígenas) e às instituições a assumirem compromisso quanto à reparação histórica. Urge estarem ao lado das retomadas e das famílias mbyá guarani, em aliança com os povos da terra.
É tempo de #retomada. Em comunhão com as raízes, os Mbyá retomam suas terras para preservar seus valores, saberes, modos de ser e tradições. A #retomada é a volta aos territórios ancestrais, é cultura viva, bem viver. O Ayvu’ Porã: Fórum das Retomadas, é um espaço de ação, com cultivo de saberes e partilha de histórias. Nele também se faz a confluência entre territórios Mbyá Guarani que se articulam em defesa da vida.
No final de março aconteceu o Ayvu’ Porã: 2º Fórum das Retomadas do Povo Guarani no Rio Grande do Sul, na Retomada Mbya-Guarani da Tekoa Karanda-ty, no Mato do Júlio, em Cachoeirinha (RS), na região metropolitana. Os caciques se encontraram novamente com a intenção de potencializar as retomadas territoriais indígenas mbya em busca de seu bem viver.
Representando seus territórios de vida, os mbya discutiram temas que envolvem suas comunidades, dignidade e direitos, que precisam ser assegurados urgentemente. Foram explicitadas questões que os levam a esses movimentos de organização política e suas dificuldades perante à sociedade não indígena, tanto junto às instituições dos governos quanto na sociedade civil.
Realizar este encontro na retomada indígena que ocupa parte do Mato do Júlio também foi bastante simbólico, pois essa área de mata na cidade, que ajudou na contenção das fortes chuvas e inundações que alagaram a região em maio passado, é alvo da sanha da especulação imobiliária por lucro. A presença dos mbya é força e resistência na defesa da natureza e da VIDA indígena e dos não-indígenas, dos animais, plantas e toda diversidade que habita o local.
Os caciques encaminharam a data do 3º Fórum das Retomadas, que será aberto à sociedade em geral e contará com a presença de instituições convidadas. Será no dia 14 de abril, na Retomada Nhe’engatu, na cidade de Viamão (RS).
Esses encontros fazem parte de uma articulação da Amigas da Terra Brasil com esses territórios pelo seu direito de ser e existir.
Álbum de fotos no Flickr da ATBR:
📸 2º Fórum das Retomadas do Povo Guarani no RS, realizado em 21/03/25, em Cachoeirinha. Retomadas presentes: Yyjere (Porto Alegre), Nhe’engatu (Viamão), Karanda’ty (Cachoeirinha), Yyrupa (Terra de Areia), Ka’aguy porã (Maquiné), Jakupé (São Gabriel), Pekuri’ty (Canela) e Pará rokê (Rio Grande)/ Crédito: Carolina C. | ATBR
Mais de 250 organizações cobram transparência na COP30 e o fim da interferência das indústrias poluidoras! 🌎🔥 Carta entregue à presidência do Brasil e à Secretaria da COP propõe quatro medidas para por fim ao conflito de interesses entre a pauta climática estabelecida no Acordo de Paris e a atuação invisível dos lobistas que atrasam tanto a redução das emissões quanto a proteção das comunidades impactadas. Governo é cobrado a liderar processo. Confira posicionamento, trechos e propostas da carta, assinada pela Amigas da Terra Internacional, da qual a Amigas da Terra Brasil faz parte, em:
A Cúpula dos Povos se soma ao combate ao poder corporativo, um dos nossos eixos e um dos principais desafios da agenda climática global. Nossa luta é contra os grandes projetos do agronegócio, hidronegócio, mineração e logística que destroem territórios e biodiversidade.
Em 2024, o planeta ultrapassou o limite de 1,5°C de aquecimento global, com incêndios, enchentes e secas devastadoras. Enquanto isso, lobistas das indústrias poluidoras seguem atrasando a transição climática justa.
📜 Carta entregue à Presidência do Brasil e à Secretaria da COP cobra:
✅ Política de conflito de interesses para barrar lobistas poluidores.
✅ Padrões de transparência para delegações e participantes da COP.
✅ Reformas nos critérios de escolha da presidência da COP.
✅ Acordos do País Anfitrião (HCAs) e parcerias que garantam compromissos climáticos reais.
✅ Responsabilização de empresas e governos por crimes ambientais e impactos da crise climática.
⏳ A crise climática exige ação urgente! Precisamos enfrentar a captura corporativa e responsabilizar aqueles que lucram com a destruição.
Na sexta-feira (21), acontecerá mais um encontro Ayvu Porã: Fórum das Retomadas, na Retomada Mbya-Guarani da Tekoa Karanda-ty, no Mato do Júlio, em Cachoerinha (RS). A data marcará o segundo encontro de caciques de retomadas territoriais no Rio Grande do Sul, e é um espaço de cultivo de saberes, partilha de histórias e de fortalecimento mútuo. Representando seus territórios de vida, os mbyá presentes discutirão temas que envolvem suas comunidades, dignidade e direitos, que precisam ser assegurados urgentemente.
#Retomada Ao retomar suas terras, os Mbyá preservam seus valores, saberes e tradições, em comunhão com a terra e suas raízes. Na ponta da lança que atravessa as ilusões do mundo das mercadorias, as retomadas indígenas pulsam vida. São a volta aos territórios ancestrais, onde o modo de ser Mbyá pode ser plenamente vivido, sem as falsas fronteiras e cercas inventadas pelo mundo branco. São a busca pelo bem viver, cultura viva, revivida a cada dia.
O encontro faz parte de uma articulação da ATBr com estes territórios pelo seu direito de ser e existir, que também é a sobrevivência das terras onde coabitam em comunidade com sonhos, águas, frutos, ventos, montanhas e matas.
Na quinta-feira (13/03), Mulheres Sem Terra realizaram ato em frente a fábrica de produção de celulose da CMPC, em Guaíba (RS). A Amigas da Terra Brasil e o Levante Popular da Juventude somaram ao momento, protagonizado por mulheres e pessoas LGBTQIAP+. Entoando que “Eucalipto não é floresta” e que “os mesmos que destroem a natureza são aqueles que destroem a vida das mulheres”, presentes denunciavam o avanço dos monocultivos no bioma Pampa, a responsabilidade das grandes empresas por crimes ambientais e a necessidade da luta por dignidade, terra, território e em defesa de direitos e da natureza.
Com falas, cartazes e cantos, expuseram que o agronegócio e os megaprojetos causam o envenenamento da natureza e das pessoas, e que os créditos de carbono dos monocultivos (como o de eucalipto, caso da CMPC) são sujos – uma falsa solução para a crise climática. Outra denúncia foi quanto ao anúncio da CMPC sobre nova fábrica em Barra do Ribeiro, ainda maior que a de Guaíba, ressaltando os impactos socioambientais de atividades do ramo. O momento também foi de solidariedade às pessoas trabalhadoras e moradoras do entorno, que no dia 23 de fevereiro deste ano foram afetadas por vazamento de dióxido de cloro da fábrica.
Neste encontro entre MST, juventudes e mulheres organizadas, a expansão dosmonocultivos de árvores (desertos verdes) da CMPC foi abordado como crime ambiental e projeto de morte do capital. Durante a ação em frente à fábrica de celulose da CMPC, mulheres e aliades entoavam: “Eucalipto não é floresta, CMPC devolve o pampa já. As mulheres da reforma agrária querem terra para trabalhar”.
Quem não pode com as mulheres, não atice o formigueiro
“Estamos aqui para denunciar essa empresa criminosa que acaba com a vida das mulheres. Nós, mulheres sem terra, mulheres da cidade, mulheres acampadas, seguiremos denunciando o capital e a destruição que o agronegócio provoca nos nossos corpos e nos nossos territórios. Nós lutamos pela vida, pela biodiversidade e pela defesa da produção de alimentos saudáveis. Nós ainda estamos aqui, e faremos a luta contra todas as formas de violência”. Fala coletiva durante ato em frente à CMPC.
Na data, foram realizadas ações em diversos pontos do Rio Grande do Sul para denunciar o avanço da silvicultura, em especial do eucalipto, e o risco que traz para a vegetação nativa e vida da população, sobretudo para o Bioma Pampa, ameaçado de extinção. A ação também ocorreu em Porto Alegre, Pelotas, Santana do Livramento e Tupanciretã, com marchas, intervenções culturais, debates, entrega e plantio de mudas. Sob o lema “Agronegócio é violência e crime ambiental, a luta das mulheres é contra o capital!”, a ação faz parte da mobilização do Movimento Sem Terra (MST) para marcar o 8 de março, por meio da Jornada Nacional de Lutas de 2025. Entre 11 e 14 de março, o MST realizou encontros, formações, plantios, marchas e protestos por todo o Brasil para denunciar as violências do agronegócio, das corporações e dos monocultivos – que expropriam corpos e territórios, envenenam povos e terras, mercantilizam alimentos e a natureza, secam rios, aprofundam desigualdades e agravam a crise ambiental.
Confira o vídeo de cobertura do ato e relatos das mulheres organizadas:
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“Nós, mulheres do movimento, nos sentimos nesse compromisso com a sociedade brasileira e principalmente com o nosso bioma Pampa. Queremos alertar que um avanço desses do agronegócio e ainda hoje liberado por lei sem um zoneamento ambiental, ele pode ser uma catástrofe, ainda mais no Rio Grande do Sul que sofre drasticamente com as mudanças climáticas”, diz Lara Rodrigues, dirigente nacional do MST no RS. Lara também destacou que o avanço da soja, e a substituição por eucalipto, além de trazer impactos ambientais, tem impactos no modo de vida da população, das mulheres e na paisagem do bioma Pampa. O principal alvo da mobilização é a empresa CMPC, que está dominando a silvicultura no estado. “Ela tem um milhão de hectares plantados de eucalipto e a previsão de avanço de quatro milhões, principalmente no bioma Pampa. Estamos denunciando que essa empresa e esse avanço da silvicultura no Rio Grande do Sul não vão passar limpo”, afirmou Lara. O Bioma Pampa equivale a cerca de 64% do território do RS, mas mais de 30% de áreas nativas foram perdidas entre 1995 e 2023. A denúncia do MST é de que o principal motivo para a devastação é a silvicultura, por meio da produção industrial de árvores exóticas como eucalipto, pinus e acácia.
Durante o ato frente à CMPC, Letícia Paranhos, presidenta da Amigas da Terra Brasil, falou sobre a impunidade corporativa, a relação da CMPC com a ditadura chilena e a importância da mobilização popular e das mulheres em defesa da terra: “Essa empresa vazou cloro, afetou mais uma vez a vida das pessoas e das mulheres. Todas essas casas foram cobertas, não houve alerta, não houve cuidado, não vai haver fiscalização e muito provavelmente vai seguir impune. A CMPC é criminosa desde sempre, no Chile estava junto com a ditadura e aqui segue violando os nossos direitos”. Ao contextualizar sobre a nova fábrica da empresa, questionou se a mulherada deixaria barato. A resposta, em uníssono, foi que não, que quem mexe com as mulheres se coloca para correr. “A ampliação da fábrica só serve para o lucro deles. Para a gente fica o custo das nossas vidas, da nossa saúde, da nossa terra”, expôs Letícia.
Após o ato, uma moradora da comunidade que presenciou a ação abordou manifestantes. Em relato, solicitando não ser identificada, contou que quando houve vazamento de dióxido de cloro na empresa ela, que mora perto, foi acometida com mal estar, enjoo e vômito. A moradora comentou que tentou contatar a CMPC algumas vezes e acabou indo ao hospital, onde atestaram contaminação. Também comunicou que ao sair de casa viu fumaça por todo entorno, e após o contato começou a passar mal, o que reforça relato de outros moradores e até mesmo materiais em vídeo que comprovam que a fumaça saiu dos muros da CMPC, situação que a empresa contrapõe, alegando que sensores localizados em seus muros não identificavam a presença de dióxido de cloro na ocasião. “Eles afirmaram que sensores não identificaram dióxido de cloro, que a pluma de dispersão ficou dentro da empresa. Informaram num relatório oficial que foi para a Fepam que não extrapolou os limites da empresa, sendo que tem vídeos, tem muitos depoimentos que indicam que não foi o caso”, expôs o engenheiro ambiental Eduardo Raguse, da Amigas da Terra Brasil.
A atividade em Guaíba teve continuidade no Assentamento 19 de Setembro. Contou com mística, partilha de refeições, acolhida e debate sobre a importância do cuidado e acolhimento na luta. “Faremos uma linda formação com irmã num momento de acolhimento, que pra nós também é luta. Estarmos saudáveis também é uma ferramenta de fortalecimento e de enfrentamento contra o capital, porque nós precisamos estar vivas, precisamos estar fortes para lutar pelo que vem pela frente”, expôs Lara. De acordo com seu relato, a presença física em Guaíba se conectava com a presença de mulheres em luta por todo Brasil: “Estamos sincronizadas em todo estado. Vamos somar aqui no RS mais de mil mulheres, e nacionalmente estamos com várias companheiras em luta, no Espirito Santo dentro da área da Suzano, que companheiras ocuparam, na Paraíba, Mato Grosso, Sudeste, muitas mulheres estão mobilizadas. É um grande dia, ficará marcado por esse nosso retorno do enfrentamento contra o capital, que sempre fizemos, mas é dada a largada que nosso 8M seguirá na denuncia e no autocuidado”.
Com palavras de ordem que evocavam a construção da reforma agrária popular, mulheres em luta semeavam a resistência. Além de ações orquestradas e postas em prática em todo território nacional, a atuação da mulherada em luta também se deu a partir de seus territórios locais, com incidências em espaços institucionais. No Rio Grande do Sul, uma das estratégias foi a entrega de Notícia de Fato ao Ministério Público Federal.
Notícia de Fato: Denúncia sobre a desregulamentação das normas ambientais relacionadas à silvicultura e seus impactos socioambientais no RS
“Entregaremos uma Notícia de Fato, junto a movimentos ambientalistas. Teremos uma reunião com a Procuradoria Geral da União (PGU) e estamos pedindo a inconstitucionalidade da lei 14.876/2024, que libera a silvicultura (que é plantio de eucalipto, de pinus, dessas árvores exóticas), sem o licenciamento ambiental, que é mais ou menos: pode plantar eucalipto no bioma Pampa que isso é terra de ninguém. Entregaremos essa carta, simultaneamente nossas companheiras de outras três regiões estarão fazendo essas ações nos Ministérios Públicos e Procuradorias Regionais”, explicou Lara. Outro ponto abordado é a flexibilização a nível estadual, marcada pela Resolução do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) do RS, em 2023, quanto à aprovação de novo Zoneamento Ambiental para Atividade da Silvicultura (ZAS). Pontos que representam um retrocesso na proteção ambiental e ameaça aos direitos humanos, em especial, ao direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações.
Na Procuradoria Geral da República do Ministério Público Federal em Porto Alegre (RS), estiveram presentes para entrega do documento o Movimento Sem Terra (MST), a Amigas da Terra Brasil (ATBr), o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Ingá) e a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan). Também assinam o documento o Comitê dos Povos e Comunidades Tradicionais do Pampa, Fundação Luterana de Diaconia e Instituto Preservar. “Estamos aqui para ver algum caminho por qual a gente tá lutando, e tentar pelas vias jurídicas algum apoio para a nossa luta. Luta que é feita no dia a dia nos territórios, que não é só a defesa das pessoas, dos nossos corpos, é a defesa do bioma Pampa que somos parte. Nossos territórios de assentamento estão dentro do bioma. A monocultura é uma denuncia que o Movimento Sem Terra faz há um bom tempo, e nesse último período vimos esse agravamento. A gente já vive muito a presença do avanço da soja nos territórios, mas a silvicultura nos assusta muito também, pela destruição que ela faz e também por essa mudança nessa essência que nós somos, na nossa vida, na biodiversidade dos territórios que a gente tá”, falou Lara durante a entrega da Notícia de Fato.
Letícia complementou: “Para nós é muito complicada essa flexibilização, para quem tá no território é ainda mais chocante porque é uma mudança radical da paisagem. Tu chegar no assentamento e ver 7 mil hectares de eucalipto plantado, tu perder o sol, tu ter uma seca devastadora como nunca teve antes, tu ver as crianças com sintomas porque o veneno chegou…Foi feito enfrentamento e depois se viveu na pele os impactos de um milhão de hectares no estado. Agora a proposta é passar para quatro milhões, e a gente sabe que o investimento está sendo muito pesado do setor da celulose aqui no estado, a gente percebe o marketing que está sendo feito para colocar uma outra narrativa para a CMPC, que está patrocinando o Gaúchão, com um projeto que chama Defensores da Natureza, fazendo jogos de futebol e com um poder muito grande da mídia. A gente sabe que mexe no imaginário político da população, até porque se colocam como a solução, com os canudos de papel, ou com financiamento que eles conseguem colocar, só que a contaminação, as violações que acontecem, isso não vem à tona. Vemos de um milhão passar para quatro milhões de hectares, então vão ser quatro vezes maiores as violações que vão ser sofridas. Temos que frear, é muito importante colocar alguma restrição porque depois que a violação acontece ela vai seguir impune”.
Expansão dos desertos verdes em um Pampa em extinção
Após almoço coletivo, no Assentamento, ocorreu a formação “Expansão dos desertos verdes em um Pampa em extinção”, apresentada pela Amigas da Terra Brasil. Nela, foi abordada a impunidade corporativa e a forma de operar de grandes empresas poluidoras, violadoras de direitos humanos e dos territórios. A lógica da CMPC, suas estratégias e ferramentas de cooptação via muita propaganda verde foram expostas, assim como dados sobre o impacto de suas atividades.
A CMPC, do chileno Grupo Matte, anunciou recentemente um investimento bilionário na construção de uma nova fábrica de celulose, no município deBarra do Ribeiro, hipocritamente chamado de “Projeto Natureza”. A empresa investe muito em propaganda buscando construir uma imagem de sustentável, patrocina até mesmo o Campeonato Gaúcho e chegou ao cúmulo de criar um time fictício chamado “Defensores da Natureza”. Seu novo projeto, assim como a fábrica existente, irá despejar seus efluentes industriais no já tão poluído Guaíba, e impactar ainda mais o bioma Pampa com a expansão de seus monocultivos de eucaliptos transgênicos, gerando créditos de carbono sujos commais desertos verdes num Pampa em extinção.
Em apresentação, dados científicos exibiam os impactos socioambientais do avanço dos monocultivos e de desertos verdes no Pampa, dando dimensão ao tamanho da ameaça e como uma nova fábrica de celulose pode causar ainda mais danos aos gaúchos, assim como à natureza. O (falso) discurso de socialmente responsável e ambientalmente sustentável da CMPC foi desmontado, e ponto a ponto de sua propaganda verde esteve em discussão. Além disto, a formação deu um mergulho no contexto histórico da celulose no Brasil e sua relação com a ditadura e opressões foram pauta. A planta de produção de celulose de Guaíba (RS), emblemática em termos de impactos socioambientais, foi inaugurada pela norueguesa Borregaard em 1972, como um dos resultados da política desenvolvimentista da ditadura militar brasileira que convidava os investidores do mundo à “poluírem aqui”. Após diversas trocas acionárias ao longo dos anos, hoje a fábrica e os monocultivos de eucalipto são de propriedade da chilena CMPC, pertencente à família Matte, conhecida por ter sido uma das principais apoiadoras da ditadura de Pinochet.A empresa foi acusada, ainda, de crime de lesa-humanidade, no massacre de 19 de Laja, no Chile, com graves acusações que a apontam como protagonista do “Massacre de Laja”.
#8mportoalegre Dezenas de mulheres estiveram nas ruas do Centro de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na manhã deste sábado, Dia Internacional de Luta das Mulheres.
O ato unificado foi organizado por sindicatos, centrais, movimentos e organizações sociais.
Foram às ruas pela vida das mulheres, contra os ataques aos direitos já conquistados, pelo fim da escala 6×1 de jornada de trabalho e melhores salários e condições de trabalho. Denunciaram o negacionismo climático e os responsáveis por essa destruição que vivenciamos.
Exigiram o fim da violência contra as mulheres e femicídios e o direito de decidirem sobre seus corpos e suas vidas. Querem permanecer vivas e com condições de vida digna a si próprias, aos seus filhos e a toda a humanidade.
Levaram sua solidariedade aos povos massacrados pelas grandes corporações capitalistas e seus governos, especialmente às mulheres palestinas, que seguem sendo assassinadas na Palestina. #palestinalivre!
Não aceitamos retrocessos, nem as tentativas de retirar direitos! Seguimos na luta até que todas sejam livres!
🔗 Acesse a galeria de fotos no Flickr da Amigas da Terra Brasil e saiba mais:
A Retomada Mbya Guarani Nhe’engatu, na cidade de Viamão, no Rio Grande do Sul, comemorou seu 1 ano de resistência e de existência em 14 de fevereiro. Parentes, amigos e apoiadores, entre eles nós da Amigas da Terra Brasil, estivemos presente nos festejos para compartilhar mais essa realização do povo Guarani e fortalecer a retomada, exigindo junto a demarcação de mais esta terra indígena. Cerca de 25 famílias vivem na área da extinta Fepagro (Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária), utilizada para pesquisas agrícolas pelo governo gaúcho e, depois, por estudantes da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). A prefeitura de Viamão tem interesse na área pública, mas visando a construção de condomínios para moradia. “Os anciãos iniciaram a caminhada há 102, 103 anos, buscando um território onde possamos, realmente, viver em paz. Que é o que mais o povo Guarani precisa, viver em paz, viver tranquilo no seu tempo, viver o dia e a noite no seu tempo. Sem pressa. Sem ter que cumprir regras dos juruá (não indígenas), viver o modo de vida Mbya. Acordar a hora que acordar, tomar o seu chimarrão, contar os seus sonhos para seus filhos, seus irmãos. No entardecer, sentar ao redor do fogo; contar piada, pro branco é pra rir, mas para nós é muita história. Há muita sabedoria numa piada. Meu finado avô Turíbio Gomes, a Tekoha é uma homenagem a ele, dar seguimento à caminhada que ele vinha dando, é dar continuidade aos sonhos dele. Ele está conosco espiritualmente nos protegendo, nos mostrando os melhores caminhos, as melhores palavras para se usar quando falar com o governo, a melhor tranquilidade para responder a esse sistema dos juruá, Queira ou não queira, fazemos parte desse sistema. E quando a gente reocupa território, tem todo um sistema jurídico que tenta impedir esse viver guarani, que se opõe à cultura guarani. Que diz que não podemos ficar nesse espaço porque é do Estado. Não tem humanismo nenhum no governo. Só o capitalismo. Que por mais que você tenha, quando partir desse mundo não leva nada. O juruá leva a vida toda trabalhando, defendendo aquilo que acha que é bom, mas não é. Nem tendo todo o dinheiro do mundo, você adoecendo, esse dinheiro não irá te salvar. E o Mbya não é assim. O Mbya quer viver a vida, quer viver o corpo, o corpo em pé, caminhando, vivendo, correndo, falando, transmitindo conhecimento. É isso o que o Mbya quer viver e fazer aqui, mas aí tem esse sistema que diz que não, que não pode fazer isso aqui. Onde está o humanismo dessa sociedade que fala tanto de direitos iguais? Só discurso!”, contestou o cacique EloirWerá Xondaro durante as comemorações.
Territórios de vida fortalecidos, territórios indígenas mantendo as matas e humanidades vivas. “Um ano de resistência, mas de alegria também, de realizações. Crianças correndo felizes vivendo na cultura Mbya Guarani. Esse território não é apenas das famílias que estão aqui, é de todo o povo Mbya Guarani. Esse território é para as próximas gerações”, disse Eloir.
O cessar-fogo é um respiro meio a devastação, assim como um passo relevante para pôr fim à perda de vidas e ao sofrimento generalizado que o povo palestino vive, especialmente na Faixa de Gaza. Mas lembramos que o cessar-fogo não marca o fim do genocídio e do ecocídio, tampouco constitui verdadeira justiça. A ocupação israelense segue desapropriando, matando e destruindo. A celebração do cessar-fogo não pode ser sinônimo da normalização do sistema de apartheid imposto pelo Estado de Israel, e urge que este seja responsabilizado por seus crimes.
A Amigas da Terra Brasil, integrante da Amigas da Terra Internacional, recebeu com alívio a notícia do novo acordo de cessar-fogo. Por mais que este passe por um processo de intensa fragilidade, ameaças e contradições, ele é fundamental para assegurar melhores condições na construção da luta palestina. Expressamos o sincero reconhecimento a todos nossos grupos membros, pessoas aliadas e simpatizantes, por nos apoiarem na defesa dos direitos de pessoas palestinas e por lutarem conosco por justiça na Palestina. Nos solidarizamos à causa e seguimos no compromisso de fortalecer o apoio à Pengon – Amigas da Terra Palestina e à luta do povo palestino por sua dignidade, soberania e território.
Apresentamos as nossas mais profundas condolências às inúmeras famílias que perderam entes queridos e às pessoas que foram deslocadas ou feridas. A devastação causada em territórios palestinos foi profunda e afetou todos os aspectos da vida, incluindo o acesso a serviços essenciais, à educação, à alimentação, saneamento, água e à dignidade humana básica.
O povo palestino denuncia há décadas que vive sob um regime de apartheid imposto por Israel, tanto nos territórios palestinos ocupados quanto dentro das fronteiras do estado israelense. Denuncia, também, a normalização desse cenário por parte do estado sionista e seus aliados. O cessar-fogo não pode levar novamente à invisibilização e normalização da situação.
Apartheid, conforme definições na Convenção de Apartheid e no Estatuto de Roma, é um crime contra a humanidade que consiste em cometimento de “atos inumanos com intenção de manutenção de uma dominação racial de fato e institucional sobre outro grupo étnico sistematicamente oprimido”. Ainda que a opressão de grupos étnicos esteja presente em várias partes do mundo, a situação imposta por Israel hoje se enquadra na definição pois além da opressão de fato, ela é também de direito. Israel se define como um estado judeu em sua constituição, e conta com pelo menos 35 leis discriminatórias contra palestinos, como impedimento à reunião familiar, confisco e limite à obtenção de terras, restrição à liberdade de locomoção com os muros da Cisjordânia e o sítio a Gaza, aplicação de estatutos militares somente a pessoas palestinas, colonização judaica de áreas palestinas por meio da força, e impedimento do direito de retorno dos refugiados palestinos. O sistema de apartheid foi reconhecido em extensos relatórios pela Anistia Internacional, Human Rights Watch e até organizações israelenses de direitos humanos como a B’tselem, e pela Corte Internacional de Justiça em julho de 2024, que declarou a violação do artigo 3o da Convenção contra todas as formas de discriminação por parte de Israel.
Após 472 dias da intensificação de um genocídio que, na verdade, é um pesadelo real vivido pelo povo palestino há 76 anos, numa Nabka ampliada, foi anunciado um cessar-fogo oficial no início de 2025. Mas é preciso ir além. Lembramos que a memória não pode ser apagada: Escolas, hospitais, ambulâncias e campos de refugiados palestinos foram bombardeados sem trégua pelo Estado de Israel antes do cessar-fogo. Gaza teve a luz e a internet cortadas. A falta de água e o bloqueio da chegada de alimentos, medicamentos, combustível e suprimentos para a população sangraram o cotidiano no território, onde o povo palestino e muitas crianças lutaram para sobreviver entre lonas e escombros, juntando corpos a sua volta.
Ao destruir as condições necessárias à vida, o genocídio de Israel, financiando e armado pelo Ocidente colonial, reduziu intencionalmente a Faixa de Gaza, que ocupavam ilegalmente, a uma zona inabitável. Neste cenário de destruição, mesmo após o cessar-fogo, a perda massiva de vidas palestinas pode ter continuidade na fome, na propagação de doenças infecciosas, na falta de estruturas e na tentativa de forçar os palestinos ao exílio. Em Gaza, 19 anos de bloqueio transformaram o local na maior prisão ao ar livre do mundo, onde 2,3 milhões de pessoas não têm acesso a água potável, eletricidade e material médico.
Desde que entrou em vigor, no dia 19 de janeiro, o acordo de cessar-fogo é constantemente ameaçado e violado pelo estado de Israel, que obstrui entregas essenciais de ajuda humanitária e suprimentos em Gaza. Além disso, vale lembrar que, dias depois do cessar-fogo, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Cisjordânia. Atualmente, estão intensificando sua atividade militar em distintas zonas, principalmente no norte, além de isolar povos e cidades mediante o uso de mais de 898 portões e postos de controle que foram instalados. Os ataques seguem em curso, enquanto Trump fala abertamente de anexar a Faixa de Gaza mediante a expulsão de todas as pessoas palestinas. O que deixa transparecer aquela que sempre foi a intenção de Israel e de seu aliado incondicional EUA: a limpeza étnica, deslocamento forçado total de todo o povo palestino e a expansão do território israelense militarmente e por meio do colonialismo de assentamentos.
A magnitude da destruição é assombrosa. Infraestruturas vitais foram danificadas, deixando sobreviventes navegarem por uma paisagem de dor, medo e ruína. À medida que as famílias começam a regressar ao que resta de seus lares, elas enfrentam a dolorosa realidade da perda e a difícil tarefa de reconstruir suas vidas a partir das cinzas. Essa era a realidade muito antes do genocídio e agora, mesmo depois do cessar-fogo, as consequências da devastação intensificaram dificuldades do povo palestino, fazendo com que Gaza tenha que suportar limitações ainda maiores.
A ação, assim como a solidariedade internacional contínua, são urgentes para desmantelar de fato o genocídio e o apartheid social impostos pelo Estado de Israel. Sem uma pressão massiva, a notícia do cessar-fogo pode passar a impressão equivocada de que a paz foi alcançada. Mas a luta não findou. O genocídio pode assumir formas menos visíveis, o que facilita o caminho de desmobilizar a indignação regional e mundial, assim como de fragilizar a perspectiva de boicotes e sanções à Israel, tão fundamentais para alcançarmos a justiça. Essa desmobilização serve aos interesses imperialistas e colonialistas de Israel e dos Estados Unidos, que lucram com a criação de verdadeiros laboratórios de extermínio nos territórios de vida. É preciso despender forças, pressionando para que os culpados sejam responsabilizados pelo genocídio, e para que todas as atrocidades cometidas não caiam em esquecimento e tampouco se repitam.
A liberação da Palestina e o desmantelamento do projeto colonial isralense é uma condição para que nossas lutas pela justiça climática e soberania alimentar sejam vitoriosas. Enquanto o ocidente blinda Israel da responsabilização, suas empresas Mekorot e Netafim, que roubam águas dos territórios palestinos, vendem para a América Latina soluções “verdes” para irrigação e gestão de águas através da privatização, ameaçando comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas e de agricultura familiar. Ao mesmo tempo, a Adama vende grande parte dos pesticidas e agrotóxicos para quase todos os países da região, contribuindo para a destruição ambiental e contaminação de nossa comida.
Só uma pressão global massiva, especialmente sob a forma de Boicote, Desinvestimentos e Sanções (BDS), pode verdadeiramente contribuir para acabar com o genocídio de Israel e apoiar a luta palestina para desmantelar o apartheid.
Para iniciar a mudança rumo uma justiça real, nossas exigências são:
Solicitamos a todos os governos que:
apoiem economicamente a reconstrução de Gaza baseando-se na soberania do povo palestino;
parem a exportação e importação de todos os tipos de armas, assistência militar e peças de reposição para Israel;
cumpram suas obrigações de sanções a Israel com base na decisão da Corte Internacional de Justiça e de seus líderes investigados pela Corte Penal Internacional como primeiro passo para alcançar a justiça e responsabilização de Israel
Fazemos um chamado à comunidade internacional para que tome ações sólidas e tangíveis de apoio ao povo palestino:
pressionando os governos para que apliquem as medidas mencionadas;
pressionando as empresas que se beneficiam da ocupação do Estado de Israel para que ponham fim às suas atividades nos nossos territórios, como Mekorot;
compartilhando as histórias de pessoas palestinas, de suas lutas e suas demandas por liberdade e pelo fim da ocupação
pressionando pelo fim da impunidade de Israel e de suas corporações, exigindo que, pelo bem de toda humanidade, sejam responsabilizados por seus crimes – o que evita que estados coloniais poderosos possam tornar nações, comunidades, povos e países em zonas de sacrifício para o seu acúmulo de riquezas,
Impedir que União Europeia e Estados Unidos voltem a invisibilizar globalmente o apartheid de Israel e que este normalize suas relações com ditaduras árabes
Que se intensifique a pressão pela solidariedade concreta por meio de ações de boicotes, desinvestimentos, sanções e medidas políticas
A Amigos da Terra Internacional, junto à PENGON (Amigos da Terra Palestina), expressa o sincero reconhecimento e gratidão a todos nossos grupos membros, aliadas, aliados, aliades e simpatizantes, por nos apoiar na defesa dos direitos humanos de pessoas palestinas e por lutar junto a nós por justiça na Palestina. Com esse novo acordo de cessar-fogo foi dado um primeiro passo crucial para pôr fim à guerra, à perda de vidas e ao sofrimento generalizado. Isso proporcionará um alivio muito necessário ao povo palestino de Gaza, que têm suportado penúrias e destruição inimagináveis ao largo dessa guerra.
Apresentamos as nossas mais profundas condolências às inúmeras famílias que perderam entes queridos e as pessoas que foram deslocadas ou feridas. A devastação desta guerra foi profunda e afetou todos os aspectos da vida, incluindo o acesso a serviços essenciais, à educação e à dignidade humana básica.
Este momento de respiro deve ser um momento para a reflexão e a solidariedade contínua, mas também para a ação urgente. É o momento de reconstruir e salvar o que restou de Gaza. Para alcançar isto, insistimos na necessidade de um cessar-fogo sustentado que garanta segurança e justiça para a população da Faixa de Gaza.
Habitantes de Gaza regressam ao que resta de seus lares no norte da Franja Crédito: Pengon/Amigos da Terra Palestina
Após 472 dias de genocídio, foi anunciado um cessar-fogo oficial. No entanto, é crucial estar ciente do seguinte:
Para o povo palestino, o cessar-fogo não marca o o fim do genocídio e nem do ecocídio. O ritmo apenas diminuiu. Um cessar-fogo não é uma declaração de paz. Não constitui justiça. Não é uma forma de liberdade. Não é mais que uma pausa na contínua eliminação do povo palestino e de sua terra. Pode ser que agora as bombas tenham deixado de cair, mas a ocupação israelense segue desapropriando, matando e destruindo.
A magnitude da destruição é assombrosa. Lares, escolas, hospitais e infraestruturas vitais foram danificadas, deixando sobreviventes navegarem por uma paisagem de dor e ruína. A medida que as famílias começam a regressar ao que resta de seus lares, enfrentam a dolorosa realidade da perda e a difícil tarefa de reconstruir suas vidas a partir das cinzas.
Dias depois do cessar-fogo, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Cisjordânia. Atualmente estão intensificando sua atividade militar em distintas zonas, principalmente no norte, além de isolar povos e cidades mediante o uso de mais de 898 portões e postos de controle que foram instalados.
Em Gaza, 19 anos de bloqueio transformaram a Faixa numa prisão ao ar livre, onde 2,3 milhões de pessoas não têm acesso a água potável, eletricidade e material médico.
Esta era a realidade muito antes do genocídio e agora, mesmo depois do cessar-fogo, as consequências da devastação intensificaram estas dificuldades, fazendo com que Gaza tenha que suportar dificuldades e limitações ainda maiores que a converteram em uma zona inabitável.
Isso não pode continuar. Para iniciar a mudança rumo uma justiça real, nossas exigências são as seguintes:
Solicitamos a todos os governos que:
apoiem economicamente a reconstrução de Gaza baseando-se na soberania do povo palestino;
parem a exportação de todos os tipos de armas, assistência militar e peças de reposição para Israel;
cumpram suas obrigações em virtude da CPI como primeiro passo para alcançar a justiça e responsabilização de Israel
Fazemos um chamado à comunidade internacional para que tome ações sólidas e tangíveis de apoio ao povo palestino:
pressionando os governos para que apliquem as medidas mencionadas;
pressionando as empresas que se benefician da ocupação do Estado de Israel para que ponham fim às suas atividades, como Mekorot;
compartilhando as histórias de palestinas, palestinos e palestines, de suas lutas e suas demandas por liberdade e pelo fim da ocupação
Ocupar corações e mentes – retomada da percepção da luta em unidade
“Que pessoa eu sou se eu não lutar pelo bem, pelo belo, pelo direito de ser e existir do meu povo?” – Ìyálaṣé Yashodhan Abya Yala
Parada da Légua, durante o Okan Ilu 2024 na Comunidade Kilombola Morada da Paz – Território de Mãe Preta (CoMPaz) | Foto: Fabiana Reinholz
Nos dias 17, 18 e 19 de janeiro de 2025, a Comunidade Kilombola Morada da Paz – Território de Mãe Preta (CoMPaz), convida para atividades da 10ª edição do Okan Ilu, um encontro político, espiritual e cultural para celebrar a vida em toda sua diversidade e potência. Por uma solidariedade real e radical, este é um chamamento para juventudes, povos indígenas, kilombolas, ribeirinhos e tradicionais, assentadas da reforma agrária, ocupações, movimentos sociais, população LGBTQIAP+, coletivos culturais, e defensores da terra para fazerem presença, em comum(u)nidade na luta pelo direito de ser e existir de seus corpos, povos e territórios. O encontro acontecerá nesta sexta-feira (17) em Porto Alegre, no CRIA (Centro de Referência Indígena), e terá continuidade no sábado (18) e no domingo (19), na CoMPaz, em Triunfo (RS).
O Okan Ilu é uma confluência entre povos indígenas, kilombolas, periféricos e juventudes em luta por território, autonomia e dignidade. Um encontro entre povos que fazem viva a ancestralidade no toque com o tambor, no cortejo que traz ao lado a memória das mais velhas e semeia o futuro, no akilombar. Povos das aldeias e retomadas originárias, que insistem em dizer seus nomes e que a terra não é mercadoria. Povos que atravessam a violência produzindo alimentos sem veneno em assentamentos da reforma agrária. Gentes que fazem e são acolhida, arte-resistência nas periferias e ocupações que lutam por moradia. É a convergência e ressonância entre quem faz os enfrentamentos para garantir a paz e o zelo de seus territórios de vida, ameaçados por uma série de projetos de morte do capital.
É um momento de denúncia das violações que seguem ocorrendo contra os povos, mas é, sobretudo, o anúncio de que outros horizontes, com base no envolvimento, no cuidado, no coabitar, no respeito à natureza e na coletividade, são possíveis e vêm sendo construídos. É memória viva, e é também um ato de restabelecimento entre territórios, para os seus fortalecimentos mútuos, de suas gentes e seres -assim como do sonho, da aliança, e da preparação para a luta.
Neste ano, durante os dias 17, 18 e 19, as atividades do Okan Ilu estão organizadas abordando temáticas específicas que se conectam. Entre elas, se enraízam as partilhas sobre a ancestralidade, a história, os corpos percussivos, a resistência dos povos, corpos-territórios e a perspectiva de encantamento e diálogo com as juventudes. Por meio da arte e da cultura, conectando todos os momentos, está o tema que rege este Okan Ilu: Ocupar corações e mentes: retomada da percepção da luta em unidade.
Nesse entrelaçar de culturas e saberes, o som será o guia. Ele faz chão para as próximas gerações, ao mesmo tempo que evoca e faz presentes as histórias de luta de quem veio muito antes, vibrando num chamado que nutre, que dá ritmo ao sonho por outros mundos possíveis. É acolhimento, resistência, porta-voz da transformação. “O Okan Ilu começou em 2015. E é o momento em que o território celebra o tambor: Okan, o coração, e Ilu, o tambor, na livre tradução do iorubá. E então começa o momento de celebração, de festejo desse ser que para além de instrumento é um ser vivo, espiritual, que historicamente mantém vivas as tradições ancestrais até hoje. O Okan Ilu é esse momento que lança um clamor, vozes múltiplas que ecoam em uníssono pelo direito de ser e existir de seus povos, de seus territórios. Em 2025, a abordagem do Okan Ilu traz a perspectiva da cultura, da ancestralidade como arte, cultura, música, dança, poesia, educação”, expõe Ogan Ayan N’goma Muzunguê, Alabe Khan da Nação Muzunguê e jovem liderança da CoMPaz.
A cultura como manifestação e ação política também tem como intenção ser uma ferramenta, um chamado às juventudes. “ A juventude se afastou muito da luta e é preciso fazer uma retomada, numa luta interseccional, de contexto racial, de classe, de gênero, sexualidade, identidades diversas. É aquilo que Ailton Krenak fala: o futuro É ancestral. Voltar o olhar para os kilombos, aldeias, retomadas, assentamentos, é a única alternativa viável. Esse Okan Ilu, ocupar o coração e as mentes, é muito pensando nessa juventude e de gerações mais recentes muito cooptadas pelo capitalismo, pelo sistema. É pensado no sentido de como reencantar a juventude, como tocá-la. Como re-convocar as juventudes em defesa da vida e reativar os seus propósitos de lutar por seus territórios”, afirma Ayan.
Ecoa o clamor dos povos, o grito da terra Chamamento às atividades do Okan Ilu e à festa da vida
Parada da Légua, durante o Okan Ilu 2024 | Foto: Fabiana Reinholz
No dia 17 (sexta-feira) a CoMPaz estará em Porto Alegre (RS), fazendo um movimento do território para fora. Junto aos povos indígenas, a partir das 16h acontecerá um encontro em frente ao Centro de Referência Indígena do RS (CRIA), localizado na Cidade Baixa, na Travessa Comendador Batista, 26. O momento será de manifestar ação, em um chamamento de vida e para sonhar a vida dos povos. Nele haverá uma ManiFestaAção que tem como lema o Levante dos Povos pelo Bem Viver: organizar a esperança, dançar a resistência e curar a vida, seguido do Cortejo das Maracás ocupando as ruas, em celebração às mais velhas e anciãs dos territórios. Marcado por processos culturais, artísticos e poéticos, de onde emerge luta e a espiritualidade, o encontro contará com uma feira com exposição de produtos dos territórios de vida, partilha de alimentos e com a presença de coletividades que também estarão construindo os outros dias do Okan Ilu e a unidade dos povos.
Nos dias 18 e 19, o movimento será de trazer pessoas para o Território de Mãe Preta, e as atividades acontecerão na Comunidade Kilombola Morada da Paz, na BR 386, KM 410, no Distrito de Vendinha, em Triunfo (RS), das 9h às 18h. Para confirmar presença, contatar Ayan no número (51) 98330-8955.
No sábado (18), será abordada a questão do corpo como território – quem somos e o que situa um corpo, o que comunica. Estarão fazendo presença povos que caminham lado a lado, com enfoque nas retomadas e aldeias indígenas de diversas regiões, seja do Rio Grande do Sul, Brasil e de outros países. O dia pautará a luta dos povos em retomadas, o que é um corpo territorializado e um corpo desterritorializado, entendendo o que e a quem proteger. Também será celebrado um levante matricial nos cacicados indígenas. Com muito fluxo de energia, a data reflete sobre como colocar o corpo no mundo e sinalizar para fora a potência que há nos corpos dos povos indígenas, kilombolas, periféricos, pessoas trans, não binárias, em toda diversidade de formas de ser e expressar.
O domingo (19), fará um retorno ao princípio do Okan Ilu. Como explica Ayan N’goma Muzunguê, Alabe Khan da Nação Muzunguê e jovem liderança da CoMPaz, a data: “Pensa o tambor falante, o som que ressoa no coração e passa pelo corpo, que é o porta voz das histórias – histórias de muito antes, histórias do amanhã, num tempo de conexão, comumunidade e resgate. Queremos potencializar a questão do som e todas formas de percussão, o corpo percussivo, a poesia, para além da área temática da música, que está em todas manifestações do nosso coração”. Grupos artísticos, percussivos, que trabalham a questão do som como ferramenta de luta e condutor de vida de diversas partes do Brasil estarão presentes, assim como coletivos de arte educação, comunicação e projetos sociais com crianças e juventudes a partir da arte e da cultura.
As datas marcam esse encontro percussivo entre juventudes e territórios de vida, assim como faz a renovação das alianças que vêm sendo construídas de outras caminhadas que mantém viva a luta negra, indígena e afrobrasileira. A partilha será de conhecimentos sobre instrumentos, do som, do fazer e do toque que ressoa no encontro de percussões. Na partilha dessas experiências e experimentações, vão se construindo alianças das histórias de vida e desses tambores que confluem no Okan Ilu.
“A cultura é acolhimento, é deixar passar pelo corpo, ter a luta e o que precisa ser dito dito em diversidade, lutando uma guerra em várias frentes. A Ya traz que com a questão da BR nos colocamos em sentido de guerra. Ao contrário de quem fala em paz mas quer guerra, falamos de guerra para salvaguarda deste território”, afirma Ayan. O Okan Ilu é: “O poder da continuidade dos conhecimentos ancestrais, para que eles possam nos auxiliar a enfrentar os dias de hoje com dignidade, sabendo de onde viemos e quem somos.”
Solidariedade das lutas na concentração para a Parada da Légua, durante o Okan Ilu 2024 | Foto: Carolina Colorio
A Comunidade Kilombola Morada da Paz – Território de Mãe Preta (CoMPaz) está localizada no distrito de Vendinha – entre Montenegro e Triunfo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e está sendo diretamente afetada pelo empreendimento de ampliação da BR-386, a menos de 500 metros do seu território. A expansão da BR, assim como do monocultivo de eucaliptos na região, somada a projeto de implementação de um lixão industrial de resíduos tóxicos e a instalação da central de pesagem ameaçam a comunidade, que resiste e se torna uma ilha de vida, um refúgio para onde seres migram quando têm seus territórios devastados. Em articulação com outros territórios de vida, a comunidade traz a conotação política em seus ritos, especialmente após 2020, quando em plena pandemia recebeu a notícia da ampliação da BR e agiu para barrar a légua. Nessa luta, que se irmana com tantas outras, a CoMPaz firma um processo de fortalecimento territorial radical e lembra que ninguém está só. O Okan Ilu reaviva essa memória de enfrentamento e tantas outras, consolidando um apoio mútuo entre territórios em defesa da terra e da natureza.
Esta é uma convocatória à caminhada coletiva, ao rito do tambor que emana o som da vida, para construir caminhos num encontro entre gerações para quem vem num movimento cultural de enfrentamento. Um chamado para retornar às memórias da ancestralidade, a manter aceso o fogo de uma força milenar que está com os povos na construção e busca pela dignidade. A todes, todas e todos que sentem vibrar no coração o ritmo da luta, que são tocados pelo som da vida e trazem no enfrentamento o celebrar, fortalecendo essa potência.
Ecoa o clamor dos povos, o grito da terra. É tempo de combate em Território de Mãe Preta, que se expande onde a festa da vida te convida a ser com, a acontecer. Venha compor em união aos povos, aos guardiões dos territórios, à terra, ao fogo, aos ventos e folhas, serpenteando com as águas que sempre encontram um caminho. Este é um chamado para ser parte nesse movimento de multidiversidade que tem em comum a defesa das vidas. Te esperamos nesse encontro e encaminhamento, para confluirmos, nos fortalecermos e saudarmos o tambor do coração.