A comunidade indígena Mbya Guarani Tekoa Yjerê, na Ponta do Arado, localizada na zona sul de Porto Alegre (RS), continua sofrendo ameaças dos donos do empreendimento imobiliário Arado Velho.
Recentemente, no dia 9 de outubro, empregados e seguranças do empreendimento se dirigiram até a comunidade Mbya Guarani com o objetivo de ameaçar e intimidar as famílias que lá vivem.
De acordo com relato das lideranças, nos últimos três meses, ocorreram diversas investidas contra a comunidade. Todas as ações buscam impedir que os indígenas consigam viver em paz no espaço de terra que habitam, conforme determinado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) até que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) realize e conclua o procedimento de demarcação, iniciado em novembro de 2023.
A determinação do TRF4 garante o livre trânsito de todas as pessoas que compõem a comunidade Mbya Guarani pelas estradas que estão dentro da Fazenda Arado Velho. Também estabelece que os funcionários respeitem os indígenas, não podendo se aproximar a menos de 500 metros da aldeia.
No entanto, os indígenas contam que os funcionários da fazenda têm desrespeitado a decisão da Justiça Federal. A comunidade sofre provocações; esses funcionários andam a cavalo entre as casas da comunidade, violam os espaços coletivos e fazem ameaças e intimidações, dizendo para os indígenas voltarem para as margens do Guaíba, não construírem suas casas para além das margens do rio, não fazerem roças, não apanharem lenha, não pescarem e nem buscarem água potável.
Em 12 de agosto, a Amigas da Terra Brasil e o CIMI SUL (Conselho Indigenista Missionário – Região Sul) já haviam denunciado, ao Ministério Público Federal (MPF) e à Defensoria Pública da União (DPU), ameaças e importunações dos seguranças da Fazenda Arado Velho contra a comunidade Mbya Guarani.
Alertamos aos órgãos competentes que o problema prossegue. E enquanto apoiadores da Comunidade Mbya Guarani Tekoa Yjerê, nós da Amigas da Terra Brasil pedimos que a Justiça Federal se posicione a fim de responsabilizar aqueles que ameaçam os indígenas, bem como os mandantes.
Com o aumento do fluxo de chuvas, a única rota de fuga do território fica inundada. Habitantes de Guaíba City seguem em mobilização pela construção de ponte que garanta o direito de ir e vir e, consequentemente, a possibilidade de viver em caso de outra enchente
A enchente de maio de 2024 foi uma tragédia anunciada, que devastou o estado gaúcho e escancarou a realidade da emergência climática. Locais historicamente vulneráveis sofreram, e ainda sofrem, consequências ainda mais drásticas com o desequilíbrio ecológico. O loteamento rural Guaíba City, entre os municípios de Charqueadas e Eldorado do Sul (RS), é habitado por cerca de 280 famílias, algumas com até oito pessoas. Há anos moradores denunciam o abandono por parte do Poder Público. A comunidade, que já enfrentava a desassistência, assim como uma série de problemas relacionados à questões sanitárias, vivenciou outro nível de desamparo durante a enchente de maio, quando ficou ilhada. Até hoje as famílias sentem os impactos do terror vivenciado naquele período. De acordo com os moradores, não houve aviso sobre a inundação.
Após enchente de maio, entulhos ficaram meses em Guaíba City. Registro feito em julho. | Crédito: Carolina C., ATbr
Em maio, as águas que transbordaram do Arroio Jacaré e do Rio Jacuí alcançaram os telhados de algumas das casas em Guaíba City. O forte fluxo de correnteza em algumas partes, principalmente na única entrada do loteamento, anunciava um perigo iminente para moradores pois impossibilitava a travessia por água, dificultando resgates. Durante visita realizada em Guaíba City, em julho, moradores mostraram vídeos com registros da enchente ao longo das semanas de cheia. Entre as recordações, davam destaque para a população se organizando como possível, transportando pessoas idosas dentro de caixas d’água de telhado para telhado. As águas tomaram conta de todo território. A principal demanda da população, até hoje, é que seja construído um acesso, seja uma ponte ou elevação de estrada, que possibilite a saída dos habitantes do território. “Se chove a gente não consegue sair. Ou a gente tem como sair, ou morremos aqui”, relatou Sirlei de Souza, moradora de Guaíba City.
Guaíba City ilhada: Os impactos da enchente de maio e a luta das famílias por uma rota de fuga
Meses após a enchente, moradores seguiam entre escombros e lama. Com o trauma de vivenciarem outra enchente, sem rota de fuga, habitantes de Guaíba City se mobilizam pela construção de uma ponte | Crédito: Carolina C., ATBr
Mapas mostram que só há um acesso para chegar em Guaíba City. Nos fundos do loteamento está o Rio Jacuí. Entre o rio e o loteamento, se encontra uma extensão de lavouras de arroz. A única entrada para Guaíba City é por uma estrada de chão batido, que é cruzada pelo Arroio Jacaré. Este é um trecho crítico, que inunda com qualquer chuva. O Arroio foi dividido, o que altera o fluxo original das águas que por ali corriam, tornando o ambiente propício para os alagamentos. Antigamente o trecho contava com três pontilhões (pequenas pontes), sendo um e meio responsabilidade de cada município (Eldorado do Sul / Charqueadas). Para diminuir custos, fizeram um pontilhão para cada município, diminuindo a vazão da água. Em maio, quando a água do Jacuí chegou com força , avançando sobre as lavouras de arroz, casas e tomando o loteamento, que ficou submerso, a ponte do Arroio Jacaré, único ponto de fuga possível para os moradores, já estava sem condições de passagem.
Mapa mostra que só há um acesso para Guaíba City
Relatos de moradores denunciaram a demora no desligamento da rede elétrica, o que colocava todas pessoas em contato com a inundação em risco de eletrocutamento (morte por descarga elétrica). Quando a água baixou, a população que voltava às suas casas, muitas delas destruídas, encontrava um rastro de devastação, forte odor, lama e animais mortos pelo caminho. Se deparava, ainda, com uma vida de trabalho levada pelas águas.
Registro de morador durante a enchente de maio de 2024 em Guaíba City“As coisas nós perdemos tudo e a vida de nossos animais. Nós queremos o direito de termos como sair”, expôs moradora. Registro feito em julho mostra marcas de lama em casas, comércio e nos animais que sobreviveram a enchente. | Crédito: Carolina C., ATBr
Muitos dos habitantes locais vivem da pecuária. Conforme as águas subiam, em maio, os animais lutavam por suas vidas. Poucos foram os que fugiram e sobreviveram. Muitos morreram no sufoco, sem forças para suportar o avanço das águas antes de encontrar abrigo em telhados. A dor dos habitantes de Guaíba City também foi a perda de seus animais, que em muitos casos representavam a sua fonte de renda e de sobrevivência.
Moradores expuseram que a falta de limpeza e manutenção dos valões tem um histórico na localidade. E que, nos dias de chuva, essas áreas acabam transbordando e inundando as estradas de chão, deixando moradores ilhados e contaminando as tubulações de água potável. Com a enchente tudo se potencializou. A comunidade segue na luta, pressionando também por melhores condições de vida.
Abaixo-assinado e representação ao MPRS e Promotoria de Justiça de Charqueadas. Pedido de socorro da comunidade de Guaíba City devido a tragédia climática, realizado em junho de 2024.
Meses após as enchentes, as cicatrizes permanecem na fachada das casas, indicando até onde as águas chegaram. Permanecem, também, na memória da comunidade, que agora teme as chuvas e é habitada pelo pavor de que a tragédia possa se repetir. As condições de vida, que antes já eram dificultadas pela ausência de suporte e direitos básicos, como o direito ao saneamento e água potável, pioraram após a enchente. Meio aos escombros, de maio para cá os habitantes de Guaíba City seguem pressionando por auxílio e ação das prefeituras.
Setembro é marcado por chuvas e medo, o povo segue pressionando as prefeituras pelo direito de sobreviver
Ao final de setembro, fortes chuvas deixaram o povo gaúcho em alerta outra vez. A água subiu novamente em Guaíba City, anunciando outra possível inundação. As previsões apontam que o mês de outubro também será chuvoso. Meses passaram e a comunidade segue sem resposta quanto à reivindicação para que seja construída uma ponte. Esta possibilitaria o trânsito no território, no local que é o único ponto de saída do loteamento, que durante enchentes e chuvas intensas fica ilhado. Não há saída, nem como entrar socorro. O direito de ir e vir é comprometido pela inação do poder municipal. O povo segue pressionando as prefeituras pelo direito de sobreviver.
“A comunidade do Guaíba City pede Socorro. Nessa enchente que deu a gente perdeu tudo que tinha, quase perdeu a vida, perdeu a vida dos nossos demais. Agradeça essa baixada aqui ó, onde estava, quando saímos daqui a três metros de profundidade. Se nós perdemos tudo foi porque a água aqui simplesmente invadiu e qualquer chuva que dá nós ficamos ilhados dentro do Guaíba City e nós não temos outra saída. Então estamos pedindo socorro, que amanhã ou depois pode ser a nossa vida que nós acabamos perdendo aqui dentro, por causa da negligência dos dois poderes políticos, tanto de Charqueadas como de Eldorado do Sul”, expõe Sirlei, em nome da comunidade.
O que as prefeituras fizeram até agora
Em agosto, após reunião da comunidade na Câmara de Vereadores de Charqueadas, o prefeito recentemente reeleito do município, Ricardo Machado Vargas (Republicanos), se comprometeu a arrumar estradas e a reabrir o posto de saúde de Guaíba City. Em setembro, a prefeitura retirou entulhos de valas e arrumou a maior parte das estradas. Mas a obra não foi concluída. Após ser questionado pela comunidade, o prefeito alegou que o prazo de licitação para a obra acabou e não seria possível recorrer a outra, apenas no próximo ano. O posto segue sem reabrir.
A prefeitura de Eldorado do Sul, sob mandato de Ernani de Freitas Gonçalves (PDT), que encerrará ao final deste ano, se comprometeu a limpar as valas que acumulavam entulhos desde a enchente. O trabalho foi realizado, junto à limpeza do Arroio Jacaré. Outra promessa foi cortar a estrada, a elevando nas proximidades das pontes. Conforme relatos da população, até final de setembro não houve movimentação alguma nesse sentido. Com a eleição de outubro, Juliana Carvalho (PSDB) foi eleita nova prefeita da cidade, e assumirá cargo em 1º de janeiro de 2025. Até lá, o compromisso do antigo governo segue em aberto.
O avanço das chuvas desde setembro faz com que a população de Guaíba City reviva o choque da enchente de maio. As pontes são a principal reivindicação popular, por serem a garantia de uma rota de fuga em caso de alagamento. “Nada foi feito, estamos prestes a ter outra enchente e só Deus sabe o que vai acontecer”, relatou uma moradora em setembro. O abalo é físico, seja no território cheio de lama e entulhos, seja nos corpos dos moradores, que são engatilhados no trauma e mais do que nunca temem as chuvas.
“A gente tá pedindo socorro tanto para Eldorado do Sul quanto para Charqueadas. Que nós, de direito, se por ventura vir outra enchente, nós termos como sobreviver. Porque as coisas nós perdemos tudo e a vida de nossos animais. Então nós queremos o direito de nós termos como sair, já que não recebemos ajuda de ninguém, foi voluntário ajudando voluntário. Então eles que deem esse direito de nós, quando vê que vai encher, poder sair. Só isso que nós queremos deles. E para isso acontecer, vazão das pontes que eles diminuíram e o levantamento da parte de Eldorado do Sul ali”, cobrou Sirlei
Registro de julho, com entulhos que ainda não haviam sido retirados do território. | Crédito: Carolina C., ATBr
No dia 03 de outubro, a Amigas da Terra Brasil esteve na aldeia Mbyá Guarani Tekoá Jatai ty (Cantagalo), situada na macrozona rural de Viamão. Na data estava marcada reunião para apresentação do projeto de aterro sanitário na Fazenda Monte Verde, contando com a participação de moradores da região, ambientalistas, Defensoria Pública do Estado, indigenistas e representantes do empreendimento. A reunião foi cancelada devido ao atraso e à falta de respeito demonstrada pela empresa responsável.
O local planejado para o aterro está a cerca de 2km da Tekoá Jatai ty, e ameaça o território de vida com graves impactos socioambientais, incluindo a contaminação das águas e danos à saúde dos ecossistemas. Além disso, essa região está inserida em terras indígenas demarcadas. No vídeo, o cacique Claudio Verá Mirim explica a situação.
Desde 2018, moradores, indigenistas e ambientalistas organizados no movimento “Não ao Aterro, Não ao Lixão”, junto à Comunidade Mbyá Guarani do Cantagalo, lutam contra a instalação do aterro. Denunciam os riscos que o empreendimento pode causar na região, já que está localizado em área de nascentes d’água que se conectam com as bacias hidrográficas do rio Gravataí e com o Guaíba.
A área proposta para o aterro encontra-se sobre sedimentos instáveis, o que aumenta significativamente o risco de vazamentos que podem comprometer tanto a água superficial quanto o aquífero subterrâneo. A contaminação do lençol freático por resíduos do aterro poderia afetar diretamente a qualidade da água que abastece a região metropolitana de Porto Alegre, colocando em risco a saúde da população.
Seguimos vigilantes e em defesa do urgente diálogo com a população local, especialmente com os mbyá guarani. Conforme determina a Convenção 169 da OIT, frente a qualquer empreendimento, a população deve ser consultada de forma livre, prévia e informada, fato que não ocorreu até o momento.
Em outubro de 2023, a Comunidade Mbyá Guarani da Tekoá Jatai typublicou uma nota reivindicando seus direitos e reafirmando ser contra a instalação do aterro sanitário.
No dia 14 de setembro, lideranças de algumas retomadas Guarani do Rio Grande do Sul estiveram na Casanat, casa sede da Amigas da Terra Brasil, para o primeiro encontro do Ayvu’ Porã: Fórum das Retomadas. Estiveram presentes a Retomada Mbyá Guarani Tekoa Yjerê, da Ponta do Arado, que fica no bairro Belém Novo, Porto Alegre, a Retomada Karanda Ty, de Cachoeirinha e a Retomada Ka’aguy Porã, de Maquiné.
Confira como foi o primeiro encontro do Fórum das Retomadas:
Representando seus territórios, os mbyá presentes partilharam suas histórias, evocando temas que envolvem seus direitos, que precisam urgentemente ser assegurados e constantemente são feridos pelo mundo e lógicas dos juruá (brancos). Partilharam também sobre diversidade e a particularidade de cada território, que tem lutas e processos singulares, sobre o marco temporal, a demarcação de territórios, as retomadas de parentes e a importância desse movimento e de estarem juntos. “Juruá tomou o nosso território. Agora queremos voltar. Nosso território foi tomado, e agora nós temos que retomar. A retomada é para sobrevivência. Temos nossos filhos para criar, onde vamos criar se não fizermos retomadas?”, disse o cacique André Benites, de Ka’aguy Porã.
O encontro faz parte de uma articulação da ATBr com estes territórios pelo seu direito de ser e existir, que também é a sobrevivência das terras onde coabitam em comunidade com sonhos, águas, frutos, ventos, montanhas e matas. As retomadas são a volta aos territórios ancestrais, onde o modo de ser Mbyá pode ser plenamente vivido. Sem falsas fronteiras inventadas pelo mundo branco, ou cercas que impeçam a liberdade, seja para se locomoverem em terras que sempre foram indígenas, seja para serem em plenitude. É a busca pelo bem viver. Cultura viva, revivida a cada dia. Ao retomar suas terras, os Mbyá preservam seus valores, saberes e tradições, em comunhão com a terra e suas raízes.
Neste domingo (29/09), mais um grande guerreiro encerrou a sua última batalha aqui na Terra. Nosso vizinho, conselheiro e companheiro de luta, Sérgio Fidélix, liderança do Quilombo Fidélix.
O quilombola, que muito nos inspirou, acolheu no território urbano, em 2013, a Assembleia dos de Baixo. Também, foi parceiro da nossa Feira Frutos da Resistência, trazendo alegria e questões incontornáveis para nossa luta.
As ações deste guerreiro foram extremamente importantes no contexto local, nacional e internacional, revelando a força da articulação territorial e nossa potência e responsabilidade na defesa da vida contra os projetos de morte.
Fidélix era um admirador da vida e viveu com toda intensidade e coragem que o viver nos exige.
A sua alegria, tranquilidade e papo reto, nos embates dialógicos, continuarão inspirando as gerações em resistência.
Agradecemos o seu existir entre nós e por tudo que compartilhou conosco.
Toda a força para esta passagem!
Exigimos a libertação imediata de José Iván Arévalo Gómez, jovem do Povo Náhuatl injustamente detido na madrugada de 29 de agosto pela Polícia Nacional Civil (PNC), na prisão de Izalco, em El Salvador.
O companheiro é um proeminente defensor dos Direitos dos Povos Indígenas e membro da Rede de Territórios da Vida em El Salvador e do Movimento de Vítimas Afetadas por Mudanças Climáticas e Corporações (MOVIAC). A detenção de José Iván representa não apenas a violação de seus direitos humanos individuais, mas também um ataque àqueles que defendem os direitos das comunidades e os direitos dos povos.
Exigimos justiça!
Denunciamos também o estado de emergência declarado pelo governo de El Salvador desde março de 2022, que levou à suspensão de direitos constitucionais fundamentais, inclusive o direito ao devido processo legal. Mais de 79.000 pessoas foram detidas sob esse regime, muitas delas inocentes.
A Amigas da Terra Brasil soma nessa mobilização internacional pela liberdade de José Iván, incluso com envio de carta para as embaixadas.
21 de Setembro 2024
Rede Alerta contra Desertos Verdes/Brasil
Enquanto as florestas queimam e os rios secam, por todo país, as corporações criminosas da celulose, da siderurgia e dos biocombustíveis fazem propaganda.Para enganar a sociedade civil, suas famílias e crianças , as empresas investem maciçamente em jornais, tvs, rádios, cartilhas, outdoors, panfletos, mídia digital. Diante do cenário apocalíptico de céus cinzentos de fuligem, no “Dia da Árvore”, o agro é verde. Atenção, é golpe!
No “Dia da Árvore”, com apoio do governo Lula-Alckmin (BNDES, MMA, MAPA, Lei 14.876/24), dos governos estaduais e municipais, as corporações criminosas manejam a mesma mentira: “plantam árvores”, “ reflorestam”, “cuidam da água e da biodiversidade”, “protegem o clima”. Nos pampas do Rio Grande do Sul e no oeste de Santa Catarina. No pantanal do Mato Grosso do Sul. No Cerrado do Norte de Minas Gerais. Na Amazônia, no Pará e no Maranhão. Na Mata Atlântica do norte do Espírito Santo, extremo sul da Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. Cuidado, é golpe! Na verdade, não plantam florestas, mas sim monoculturas químicas, de árvores transgênicas, de rápido crescimento. Alerta aqui. Quem vê árvore, não vê floresta. Corporações Criminosas como a Suzano, a Veracel, a CMPC, a BBF Agro e a Abrapalma, a Plantar, a Mannesmann, a Norflor e a Usiminas plantam desertos verdes!
Se apropriam dos Territórios Indígenas, Quilombolas e da Pesca Artesanal. Devastam suas matas e mangues. Inviabilizam a Agricultura Camponesa e Familiar. Impedem a Reforma Agrária e a produção de Alimentos. Secam e contaminam as águas, a terra e o ar com agrotóxicos. Violam direitos humanos e direitos da natureza. Violentam e criminalizam a população resistente em seu entorno, com pesado investimento em polícia privada e com subordinação da própria PM para proteção de seu patrimônio. Contratam pesquisas, cientistas,start-ups, artistas, consultores, para afirmarem a falsa sustentabilidade empresarial. Embora a massiva exposição de certificados e selos verdes como o FSC, preservam a violência patriarcal e escravocrata do latifúndio agrário colonial exportador.
Diante da crise climática, em coro com o Estado gestor de salvaguardas, as Corporações Criminosas propagam mais mentiras, com o rótulo de “REDD+”, “carbono neutro” ou “zero carbono”. Em nome do clima, mas no interesse apenas do lucro, oferecem “créditos de carbono” para outras empresas e setores da economia fóssil. Com suas monoculturas de árvores, e privatização das florestas, as CorCrim fingem limpar o carbono da atmosfera, permitindo mais emissões petroleiras, em uma lógica suicida de falso mercado verde. Cuidado aqui. Não caia nessa. Devido aos seus diversos impactos socioambientais os créditos de carbono dos Desertos Verdes são sujos!
Para desfazer a farsa “florestal”, basta visitar seus vastos latifúndios, aprender com as comunidades que habitam em seus entornos, assistir os filmes, pesquisar as denúncias, ler a farta literatura crítica, consultar técnicos, cientistas e organizações independentes. Contra os Desertos Verdes, no “Dia da Árvore”, defendemos as matas, as águas, o clima.. Reivindicamos a urgente titulação dos territórios indígenas, quilombolas, geraiszeiros, de pesca artesanal, de quebradeiras de coco do babaçu. Reivindicamos a Reforma Agrária e a Agricultura Camponesa para a produção de alimentos. Reivindicamos a reparação dos direitos humanos e da natureza.No “Dia da Árvore”, 21 de Setembro, esteja em Alerta contra os Desertos Verdes!
Na segunda-feira (16/09), a Amigas da Terra Brasil esteve junto a movimentos sociais e construções de base levando demandas dos territórios de vida à Plenária do Bioma Pampa, que integra o Plano Clima Participativo, iniciativa do Governo Federal. No vídeo, Eduardo Raguse fala sobre o encontro, falsas soluções na emergência climática e a relação dos monocultivos de árvores (que avançam de Norte a Sul do Brasil) com a pauta. Aborda, ainda, quais são as reais soluções e caminhos para frear tragédias anunciadas.
Levando em consideração que não há justiça climática sem justiça para os povos, defendemos que o Plano Clima deverá servir de instrumento para promover a reparação histórica, centrada em soluções climáticas baseadas no direito dos povos ao território.
🚩 O Grupo Carta de Belém, da qual a Amigas da Terra faz parte, participa do processo com a proposta de que o Plano Clima destine recursos dos fundos de meio ambiente e clima, prioritariamente, para a garantia de soberania e autonomia fundiárias dos povos. Pelo direito dos povos aos territórios de vida e para que estes territórios sigam existindo, assim como toda diversidade que os coabita, a proposta demanda que sejam priorizadas:
👉🏽Demarcação de terras indígenas
👉🏽Titulações de territórios quilombolas
👉🏽Regularização de territórios tradicionais
👉🏽Reforma agrária
👉🏽Reforma urbana
O encontro ocorreu no auditório da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre (RS). As reuniões têm o intuito de engajar a sociedade civil no envio de propostas, tirar dúvidas sobre o processo e informar sobre as etapas da elaboração da estratégia que vai guiar a política climática do país até 2035. A votação para as propostas ocorre até o dia 17/09, e cada pessoa pode votar em até 10 propostas. As mais votadas poderão ou não ser incorporadas ao texto após análise do Governo Federal. Participe!
É inadmissível o que vem ocorrendo com o povo indígena Pataxó, no extremo sul da Bahia. Com suas aldeias cercadas pelas monoculturas de eucalipto da Suzano e da Veracel Celulose, vigiadas por guarda privada, perseguidas pela PM do Estado da BA e por milícias regionais de latifundiários, o povo Pataxó resiste.
Luta pela demarcação de seus territórios, por seus direitos de povos originários, pela preservação de suas águas e matas atlânticas, pela transmissão de seus modos de vida, memória e sabedoria ancestral.
Na sociedade civil brasileira não podemos tolerar que o Estado e as Corporações da Celulose e suas milícias ameacem, criminalizem e matem as guerreiras e guerreiros pataxós que lutam por seus direitos.
Cacique Bacurau foi preso injustamente, acusado de um crime que não cometeu, uma armadilha de fazendeiros e ruralistas da região, com apoio do próprio Estado e de seu sistema jurídico. Cacique Bacurau é um preso político, por sua luta histórica e por sua liderança em defesa da regularização do território indígena Pataxó.
No país da impunidade dos mais ricos, da anistia a militares golpistas e torturadores, da normalização dos crimes do latifúndio; é uma vergonha nacional que o Estado tenha encarcerado o Cacique Bacurau, representante da luta pataxó por seu território, conforme anunciado pela Tv Pataxó em seu canal no Instagram.
O que ocorre no extremo sul da Bahia, com os Pataxós, se repete em muitas regiões do Brasil, o que evidencia um método, um manual de ação, um modo de operar das “CORCRIM”, as corporações criminosas da celulose, como a Cia. Suzano, que opera em muitos estados do país. No Espírito Santo e no Maranhão, no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e São Paulo, por onde operam, as empresas de celulose montam uma “máquina de guerra”.
Uma guerra química com a vizinhança, pois suas monoculturas de árvores transgênicas não sobrevivem sem toneladas de agrotóxicos. Uma guerra pela água, demandando os rios e córregos de toda a região, para seus plantios e plantas industriais. Uma guerra jurídica, com batalhão de advogados processando e criminalizando as lideranças das comunidades mais resistentes. Uma guerra de vigilância e ocupação armada, contratando empresas privadas e subordinando a própria PM para sua segurança patrimonial. No campo, em seus monocultivos, uma empresa como a Suzano Celulose quase não gera emprego, a não ser no setor formal e informal de sua vigilância. Sua celulose é produzida na base da violência.
Viva o povo Pataxó! Demarcação Já! Titulação Já! De seu território ancestral.
Liberdade para o Cacique Bacurau!
Criminosa é a Suzano. Criminosa é a Veracel. Criminoso é o Estado Brasileiro e da Bahia.
Rede Alerta contra Desertos Verdes 4 Setembro 2024
Desde o Diálogos Amazônicos (2023), a Amigas da Terra Brasil acompanha as violações de direitos praticadas pela empresa Brasil BioFuels (BBF) contra os indígenas Tembé e povos quilombolas, na região de Tomé-Açu (PA). Embora neste ano o conflito esteja atenuado, a violência colonial e do capital segue incidindo nos corpos das gentes, águas e florestas. Agora, ela assume a forma da não garantia de direitos. O fato dos processos de reconhecimento dos territórios ancestrais destas comunidades tradicionais ainda não terem sido finalizados é preocupante, pois a qualquer momento pode ocorrer novo acirramento.
A região é marcada por um conflito entre os povos e as monoculturas de palma, pertencentes ao grupo BBF – a maior empresa do ramo na América Latina. Ano passado, foram realizadas muitas denúncias de ações arbitrárias e ilegais da empresa, principalmente por manter operações com seguranças privados dentro dos territórios das comunidades indígenas e quilombolas. Em meio às atividades dos Diálogos da Amazônia, que aconteciam em Belém (PA), três lideranças indígenas do Povo Tembé foram baleados em 07 de agosto de 2023, em Tomé-Açu, à 200km de distância de Belém. As lideranças se preparavam para uma visita do Conselho Nacional de Direitos Humanos a Tomé-Açu. No período, foi realizada denúncia e mobilização exigindo que o governo do Estado do Pará protegesse as comunidades indígenas do Alto Acará.
Confira a denúncia de 2023 no vídeo abaixo:
Junto com a pressão, ocasionada pela mobilização de organizações e apoiadores a empresas estrangeiras que financiam a BBF, diminuiu o acirramento do conflito. Mas os direitos dos povos não estão sendo respeitados, já que não há o reconhecimento dos territórios indígenas e quilombolas pelo Governo Federal e estadual, fator que ainda proporciona insegurança às comunidades. No momento, esta é a principal reivindicação do povo Tembé e quilombola que ali coabitam. “O conflito deixou esse tom acirrado, mas o que mais preocupa é o fato de que a grande reivindicação das comunidades, que querem a regularização e o reconhecimento dos seus territórios, anda a passos bem lentos nos órgãos responsáveis, tanto o Incra quanto a Funai. Então a gente sempre fica temerário que em algum momento, devido a essa falta de celeridade, o conflito possa vir à tona de novo”, expôs Antônio Alberto da Costa Pimentel, Advogado e membro da coordenação da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH).
No vídeo abaixo, direto da região de Tomé- Açu (PA), Antônio (SDDH) explica o atual momento vivido pelos Tembé: